Fazer atividades no piloto automático pode gerar péssimos resultados para o trabalho. E falando do mundo corporativo, a ação de um funcionário impacta toda a organização. Nesse contexto, uma técnica que tem contribuído para desenvolver a atenção plena é o mindfulness. A eficácia da prática tem sido comprovada e, com ela, a equipe alcança melhores resultados ao ganhar produtividade e aumento do foco.
No entanto, por ser um exercício individual, como desenvolver a técnica do mindfulness dentro de uma empresa? Qual a relevância disso para a performance de uma equipe? É exatamente sobre isso que falaremos neste artigo.
O significado de mindfulness
O acesso à internet facilitou a interação humana, contudo, também trouxe um excesso de estímulos. Basta observar o trânsito por alguns minutos que é possível perceber como as pessoas estão cada vez mais dispersas no smartphone, por exemplo.
Além disso, a sobrecarga de tarefas e a tirania do urgente contribui cada vez mais para um pensamento imediatista, que aumenta a ansiedade, podendo chegar até a depressão. Tudo isso é decorrente da falta de hábito que o nosso cérebro tem em desenvolver a atenção plena — que é o significado de mindfulness.
Qual a importância de ter atenção plena?
Quando o indivíduo fica atento, ele ativa várias áreas do cérebro, e a região mais estimulada é o córtex pré-frontal. Essa região é responsável pelo planejamento, tomada de decisão e foco. Assim, o mindfulness trata-se de um treino para desenvolver a atenção total e impedir que pensamentos aleatórios ativem a amígdala cerebral — parte do cérebro responsável pelo controle das emoções.
A psicóloga e professora Janete Martins, em entrevista ao programa “Como Será”, diz que: “A atenção é quando seleciono algo; o foco é quando eu pego essa atenção e a trago para mim; já a concentração é a minha capacidade de me manter ligada a esse foco. Se eu trabalhar, entrar no meu e-mail, no meu WhatsApp, querer ter três ou quatro telas abertas na minha frente, qual será o meu foco? Ele fica ‘pulando’. Nós não dividimos a atenção”.
O objetivo da técnica
Ao praticar a técnica, o indivíduo evita se perder em meio a distrações externas e internas. Assim, consegue controlar melhor o tempo, o que ajuda a aperfeiçoar seus resultados.
Mindfulness tem o objetivo de melhorar o estado mental. Logo, é um treinamento para prestar atenção no ambiente e em si. Dessa forma, a técnica é uma ferramenta poderosa para criar flexibilidade, desenvolvendo uma nova forma de se comportar e interagir.
Como funciona?
É impossível atingir um estado total de mindfulness logo na primeira prática. A técnica é um processo gradativo e funciona como uma mudança de hábito. Ou seja, assim como a mente humana está programada para entrar no piloto automático e realizar atividades sem pensar, ao praticar mindfulness, ela é reprogramada a observar detalhes de modo a ter mais concentração.
Por isso, a prática ensina a desligar-se daquilo que ocupa toda a atenção e energia e impede a capacidade de dedicação e foco.
Qual é a comprovação científica?
Apesar de a técnica ter origem na meditação budista, é um erro associá-la a um cunho religioso, uma vez que tem relação direta com a medicina e a psicologia. No livro “A ciência da meditação: como transformar o cérebro, a mente e o corpo”, os autores Daniel Goleman e Richard Davidson descrevem experimentações científicas que comprovam a eficácia da técnica para:
- solução de problemas práticos;
- alterações comportamentais profundas;
- desenvolvimento emocional.
Em 2015, após ter experimentado a técnica no ambiente de trabalho — por cursos oferecidos por pesquisadores da Universidade de Oxford —, o parlamento britânico publicou uma pesquisa sobre a eficácia do mindfulness de modo a inspirar o uso do exercício em outras políticas públicas. Além disso, grandes empresas já têm aderido à prática como treinamento interno para funcionários, como o Google, o LinkedIn e a BlackRock.
Os benefícios do mindfulness
A prática do mindfulness promove grandes mudanças para alcançar um estado mental de maior atenção às sensações do ambiente e concentração nas tarefas. No meio corporativo, o desenvolvimento da atenção total impacta diretamente os resultados da equipe, como:
- evolução da criatividade e produtividade;
- liderança positiva;
- desenvolvimento da capacidade analítica;
- melhora do relacionamento interpessoal;
- aumento da felicidade e bem-estar;
- satisfação com o trabalho;
- harmonia no clima organizacional.
Assim, o nível de engajamento aumenta, uma vez que os funcionários ficam bem-humorados e mais produtivos.
Modo de praticar a técnica na empresa
Para funcionar, o colaborador precisa entender como age a mente humana e qual a importância da técnica para o aumento da sua performance. Com isso, ele vai criar um senso de autorresponsabilidade e estará disposto a praticar o exercício.
Logo, é fundamental criar programas que conscientizem a equipe de desenvolverem uma visão sistêmica. Assim, precisam começar entendendo o que é a técnica e quais os resultados da prática do mindfulness para toda a empresa.
Como fazer?
Primeiro, é preciso escolher um local calmo em que é possível relaxar, sem interferências. Também, é fundamental sentir-se à vontade e relaxado — tirar os sapatos e usar roupas leves pode ajudar.
A técnica pode ser feita tanto em pé, quanto sentado. Quando sentado, é importante manter a postura ereta, apoiar as mãos nas pernas e encostar os pés no chão. O tempo da técnica gira em torno de 5 a 20 minutos.
Assim, o praticante deve ser orientado a se concentrar no local em que ele está, de modo a focar algo. Por exemplo, pode ser a própria respiração, os batimentos cardíacos ou, até mesmo, um objeto. Logo que o participante perceber que deixou sua mente vagar, ele deve conduzi-la novamente ao ponto principal.
A prática do mindfulness ajuda o indivíduo a ficar mais atento ao tempo presente, além de aumentar a motivação no trabalho. Além disso, é uma excelente técnica para prevenção da síndrome de Burnout, uma vez que reduz o estresse e melhora a qualidade de vida dos funcionários.
Quando a empresa integra o mindfulness na cultura organizacional e nos seus processos de treinamento, colabora para o desenvolvimento pessoal do funcionário. Assim, o colaborador consegue gerir melhor suas emoções e ter mais satisfação no trabalho — o que reflete na entrega dos resultados e na performance de toda a empresa.
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